"O ETERNO GUARDIÃO DA MEMÓRIA IGUAÇUANA"


Morre Ney Alberto





A prefeita de Nova Iguaçu, Sheila Gama, decretou luto oficial por três dias devido à morte do professor Ney Alberto Gonçalves de Barros, que morreu, nesta madrugada (23 de junho), aos 71 anos, de insufuciência respiratória, em Nova Iguaçu.



Pesquisador, divulgador e defensor da preservação da história da Baixada Fluminense, o genial Ney Alberto transformou a obssessão em pesquisar fatos e documentos da região em entretenimento. Ele foi enterrado, às 16h30, no Cemitério de Nova Iguaçu.

Pensamentos do professor

"A primeira coisa que deveríamos fazer na Educação seria mudar o nome de Educação e Cultura para Cultura e Educação porque a Cultura antecede a instrução".

"Eu sempre me senti realizado porque eu trabalho me divertindo e me divirto trabalhando".

Ney Alberto

www.novaiguacu.rj.gov.br/agenda_res.php?id=270





Professor Ney Alberto morre em Nova Iguaçu




O professor Ney Alberto Gonçalves de Barros morreu nesta madrugada (23 de junho), aos 71 anos, de insuficiência respiratória, em Nova Iguaçu. Ele foi enterrado, às 16h30, no Cemitério de Nova Iguaçu

A Baixada Fluminense ficou mais pobre em cultura. Perdemos hoje um dos maiores, se não o maior Historiador de nossa região. Faleceu o Professor Ney Alberto Gonçalves de Barros, o popular Ney Alberto. Filho mais velho de tradicional família Iguaçuana, herdeiros em patrimônio e em cultura do tradicional Colégio Leopoldo, berço de ensinamento dos maiores nomes de nossa região. Irmão de Nazareth, Léo e Paulinho Leopoldo de Barros o Paulinho do Leopoldo. Com os avanços tecnológicos que nos surpreendem diariamente, não há como se armazenar conhecimentos adquiridos ao longo dos anos. Professor Ney era de uma simplicidade invejável. Tendo sido Secretário de Meio Ambiente durante parte do Governo de José Paixão em Mesquita, há de ser lembrado pelas suas atitudes de simplicidade que só os que tiveram o prazer de conviver com ele testemunharam.

Pesquisador, divulgador e defensor da preservação da história da Baixada Fluminense, Ney Alberto transformou a obsessão em pesquisar fatos e documentos da região em entretenimento.

Ney Alberto compôs pelas de Teatro, textos literários e músicas. Era um homem dedicado ao ensino e compartilhamento de informações sobre a cidade de Nova Iguaçu.

A prefeita de Nova Iguaçu, Sheila Gama, decretou luto oficial por três dias devido à morte do professor.

www.panoramatropical.com.br/?p=471




Saudade de Ney Alberto Gonçalves de Barros




Belém do Pará amanheceu ensolarada e seca neste domingo. Manhã radiante. Não é somente uma bela manhã dominical. É aniversário de Leca,minha mulher. Depois do almoço abro minha mail box e a primeira mensagem que leio está datada de 23 horas atrás... e arranca um grito de meu peito. Leca quer saber o que houve e eu digo, assim meio estupidificado: meu amigo Ney Alberto morreu!

Ney Alberto Gonçalves de Barros - 1971/2




José era um vendedor de bilhetes de loteria de NI. Certo dia ele apareceu no IHGNI e Ney levou-o a um fotógrafo numa sala no mesmo andar.



Ney Alberto Gonçalves de Barros era professor e filho de professor. Seus pais eram donos de um dos principais colégios de Nova Iguaçu, o Colégio Leopoldo. Formou-se em História, antes passando pelo serviço militar. Serviu na Brigada Aeroterrestre. Foi um paraquedista do Exército Brasileiro, um PQD, como somos mais conhecidos (ele me incentivou a também ser PQD, em 1971). Ele foi, sempre, e na acepção da palavra, um educador.

Entre 1968/9 junto com Waldick Pereira -meu saudoso pai-,Ney Alberto fez um curso de Arqueologia no Museu Nacional, e bem mais tarde se formaria em Direito. Ele e meu pai não tinham só a arqueologia em comum. Apaixonados pela história iguaçuana, no começo dos anos 1960 se uniram em torno de um ideal: pesquisar a história do município de Nova Iguaçu, defender o patrimônio histórico, artístico e cultural iguaçuano e lutar pela sua preservação.

Juntamente com o advogado e fotógrafo Zanon de Paula Barros, Samyr Hajj, os professores Ferenc Zamolyi e José de Almeida Nobre (por sinal esses 2 foram meus professores no Colégio Afrânio Peixoto), Telmo Cardoso de Matos e outros abnegados, fundaram o Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu-IHGNI (do qual também sou sócio efetivo). Waldick foi seu presidente até seu prematuro falecimento aos 54 anos (1984) e Ney o Secretário. Depois Ney assumiu a presidência do Instituto.

Ney e Waldick eram amigos inseparáveis e protagonistas de muitas histórias que eu participei, e de um número muito maior antes que eu começasse a andar com eles. Em 1969, com 17 anos e estudando Edificações na ETF Celso Suckov da Fonseca, ingressei na equipe do IHGNI e comecei a participar dos acampamentos na Serra de Tinguá, Angra dos Reis e outros lugares. Certa vez, para ajudar um amigo vendedor de barracas para acampar, eu e Ney montamos acampamento numa barraca montada como demonstração,no terreno da antiga Câmara Municipal, na Av. Mal. Floriano Peixoto

1970-Numa pesquisa arqueológica com o Prof. Calazans, do IAB (chapéu de explorados). Eu, sem camisa, abraço ao Telmo Cardoso de Matos e Ney é o barbudo.


Ney sempre foi um pólo de atração de humor e alegria. E tinha um riso contagiante. Nos acampamentos, ao redor da fogueira, era comum nos reunirmos para contar histórias.Eu, evidentemente, apenas ouvia. Ouvia e ria... Certa feita,em Angra, na Ilha 2 Irmãs pedi ao Ney que contasse uma história engraçada. E ele disse: Ah! Você quer rir, né?! E começou a rir sozinho. Em pouco tempo todos estávamos rindo muito, rindo gostoso.

Não quero prolongar mais essa postagem. Poderia fazer um blog apenas contando das viagens que fizemos, dos acampamentos, uma ou outra aventura pitoresca. Recordar é viver, já disse alguém... mas também é sofrer.

A última vez que falei com Ney foi a uns 27 ou 28 anos... Meu Deus!!! Nos 30 anos que moro em Belém, voltei pouquíssimas vezes à Nova Iguaçu. E NI mudou muito. Quase não a reconheço quando a visito. Minha rua, a 13 de Maio, mudou de nome. Meus referenciais estão desaparecendo...



Eu, Ney e meu pai, na Faz. São Barnardino, na escada que levava à senzala.


Com a morte de Waldick, e agora com a de Ney, não somente desaparecem os primeiros guardiões da história iguaçuana, como também se vai pouco de minha própria história. Sei que os dois devem estar acampados nalgum recanto do mundo invisível.E chegará o dia em que me unirei a eles...


2 comentários:

Thiago Rachid disse...

Uma perda que não dá pra mensurar . Dessa turma, ainda temos os amigos Zanon e Franz que guardam na memória o aprendizado da história iguaçuana. Infelizmente nossa memória está se perdendo e poucos são os que se esforçam para preservá-la.
 
Em tempo, Franz: Telmo "Maluco" era primo de meu pai. Minha avó é irmã da saudosa Margarida, mãe de Telmo.

25 de junho de 2012 14:58


AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL disse...

Meu estimado amigo Franz.
 
Sentimos profundamente a perda irreparável do professor Ney Alberto, chamado pelo companheiro Gabriel Barbosa de "o eterno guardião da memória iguaçuana". Por outro lado, acreditamos que ele a partir de agora está preparando-se para refazer a sua antiga dupla de pesquisadores com o seu saudoso pai, o professor Waldick Pereira. Vamo sentir muito a sua ausência, dos momentos agradáveis com o seu bom humor. Mas ele estará perpetuado na nossa memória.
 
Abraços cordiais

CLARINDO

AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL

(21) 9765-6038 ou 7399-8339 ou 2755-6801
 
25 de junho de 2012 20:47

 
www.esteblogminharua.blogspot.com.br/2012/06/saudade-de-ney-alberto-goncalves-de.html

AOS APAIXONADOS POR HISTÓRIA E PATRIMÔNIO CULTURAL



 Se você, estudante universitário, professor, pesquisador ou simplesmente cidadão apaixonado por HISTÓRIA, PATRIMÔNIO CULTURAL, ARQUEOLOGIA, TURISMO CULTURAL, MEIO AMBIENTE, desejar colaborar com o trabalho do AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL, envie-nos uma cópia do seu trabalho de pesquisa para compor o nosso acervo bibliográfico. Caso queira denunciar crimes contra o Patrimônio Cultural, entre em contato com o nosso e-mail logo abaixo. Se deseja comunicar ou repassar informações sobre eventos culturais, faça o mesmo. PARTICIPE! Sua colaboração é muito importante para nós e será muito bem-vinda.

Também realizamos periodicamente eventos culturais e passeios históricos-culturais por sítios históricos da Baixada Fluminense. Caso seja do seu interesse em participar, mande-nos seu nome, e-mail e telefones para futuros contatos.

Entre em contato conosco:

(21) 9765-6038 ou 7399-8339 (CLARINDO)




















CHAFARIZ DO ANTIGO LARGO DO CARMO (PRAÇA XV DE NOVEMBRO, Rio de Janeiro)

PRÊMIO BAIXADA 2012

Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade

Abertas as inscrições para a edição 2012


Maio 22, 2012 por educacaopatrimonial



Estão abertas as inscrições para a 25ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que este ano, além dos 24 anos de premiação, comemora também os 75 anos do IPHAN e os 400 anos da cidade de São Luís, no Maranhão. Os proponentes têm até o dia 9 de julho para apresentar o projeto, que deve ser incluído em apenas uma das sete categorias previstas no edital. As inscrições devem ser feitas em uma das Superintendências Estaduais do IPHAN.
 
Os candidatos, pessoas físicas ou jurídicas, deverão apresentar um dossiê ilustrado para caracterizar a atividade. As comissões presididas pelas Superintendências do IPHAN promoverão a pré-seleção das ações correspondentes aos seus estados ou ao Distrito Federal. As ações vencedoras na etapa estadual serão encaminhadas para a Comissão Nacional de Avaliação que anunciará os nomes dos sete vencedores nacionais no dia 28 de setembro de 2012. Cada um receberá troféu e R$ 20 mil em dinheiro.


Rodrigo Melo Franco de Andrade

O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898 em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil. Na política foi chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. O grupo era formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922. Rodrigo Melo Franco de Andrade comandou o IPHAN desde sua fundação em 1937, até 1968.
 
O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade foi criado em 1987 em reconhecimento a ações de proteção, preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro e está dividido em sete categorias:

• Promoção e Comunicação


• Educação patrimonial


• Pesquisa e inventário de acervos


• Preservação de bens Móveis


• Preservação de bens Imóveis


• Proteção do patrimônio natural e arqueológico; e


• Salvaguarda de bens de natureza imaterial


O edital da 25ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade está à disposição nas Superintendências do IPHAN e nos sites www.iphan.gov.br e www.comprasnet.gov.br. Informações gerais podem ser obtidas no Departamento de Articulação e Fomento – DAF / Coordenação de Difusão, em Brasília, SEPS Quadra 713/913 – Bloco D – 4º andar – Cep: 70390-135. Telefones: (61) 2024.5459. Fax: (61) 2024.6498. Endereço eletrônico: premio.prmfa@iphan.gov.br.


Edital – PRMFA 2012

Anexo I – Ficha de inscrição

Anexo II – Resumo da ação

Consulte o Diário Oficial da União


Material de divulgação

Cartaz – PRMFA 2012
 
Folder – PRMFA 2012



23ª Edição – Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2011


Conheça os premiados em 2011



Mais informações

Assessoria de Comunicação Iphan

comunicacao@iphan.gov.br

Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br

Heli Espíndola – heli.espindola@iphan.gov.br

Mécia Menescal – mecia.menescal@iphan.gov.br

(61) 2024-5475 / 2024-5476 / 2024-5477

www.iphan.gov.br
www.twitter.com/IphanGovBr



Fonte: Ascom – DAF


Rio de Janeiro - Alguém identifica o lugar?



Antonio Pastori <> 4 de março de 2012 17:14

Para: amigosdopatrimonio@gmail.com

---------- Mensagem encaminhada ----------

De: Wanderley Duck <>

Data: 4 de março de 2012 13:00

Assunto: Rio de Janeiro - Alguém identifica o lugar?

Para: ..............................


Um amigo do Rio de Janeiro pediu ajuda na identificação do local desta foto.

Alguém sabe que viaduto é (ou era) esse ?

Antonio Pastori
Saiba mais sobre a AFPF em:


Essa vai dar uma boa discussão: Tem gente que disse que é no subúrbio da Leopoldina ou da Central, em Irajá, se não me engano.

Outro colega afirma ser a da antiga estação da Pulverização em Barra do Piraí.


Então...?

Abs.,



Antonio Pastori

PATRIMÔNIO





PRESERVAR O PATRIMÔNIO É PRESERVAR NOSSA PRÓPRIA IDENTIDADE

"Reside nos vastos Palácios da Memória (...) inúmeros tesouros trazidos pela percepção". As confissões de Santo Agostinho

A Preservação do Patrimônio considera não somente os valores artísticos e históricos-documentais, todos os bens são testemunhos significativos da ação humana e suportes da memória coletiva da sociedade.

As leis e Órgãos de patrimônio somente cuidam dos bens protegidos por lei, atos administrativos ou decisão judicial. Os bens culturais são bens móveis e imóveis no qual a sociedade agrega seus próprios valores através de “três necessidades básicas humanas”: MEMÓRIA, REFERÊNCIA E FRUIÇÃO.

Se um simples objeto é definido “como tudo que se oferece aos nossos sentidos e à nossa alma” (fonte: dicionário Michaelis on line), um Edifício ou um Monumento, desde a sua concepção e durante seu tempo de existência, carrega e acumula valores, emoções, lembranças e sentimentos de um único indivíduo ou de grupo social.

PRESERVE O PATRIMÔNIO "(...)que os educadores habituem a infância e a juventude a se absterem de danificar os monumentos,quaisquer que eles sejam, e lhes façam aumentar o interesse, de uma maneira geral, pela proteção dos testemunhos de toda a civilização."(CARTA DE ATENAS, 1931).

www.preserveopatrimonio.blogspot.com.br

BANGU E A FÁBRICA: UM CASAMENTO (IN)FELIZ?



Por Nei Jorge dos Santos Junior
14/05/2012



Olá amigos do História(s) do Sport. Hoje vamos discutir algo que sempre esteve presente nos meus estudos: a relação futebol/fábrica.

Diante tal relação me pergunto: até que ponto as indústrias interferiam no cotidiano das agremiações que se constituíram relacionadas ao ambiente fabril?

Para tentar responder uma pergunta de tamanha complexidade e, quiçá, pretensão, nos atentamos a fundação do Bangu Athletic Club, o primeiro clube operário da cidade, que criou um modelo que seria, ao longo dos anos, adotado por muitos de seus pares.

Fundado no dia 17 de abril de 1904, o Bangu Athletic Club teve estrangeiros entre seus precursores [1]. Chegados à cidade ainda em fins do século XIX, para trabalhar para a Companhia Progresso Industrial, que administraria a fábrica de tecidos fundada no bairro, em 1893, um grupo de técnicos ingleses mostrou-se disposto a criar uma agremiação nos moldes daquelas que existiam em seu país.

A princípio, os diretores da empresa não pareciam dispostos a apoiar tal iniciativa; o administrador da fábrica, Sr. Eduardo Gomes Ferreira, alegava ser contra qualquer tipo de jogo. Os ingleses, porém, não esmoreceram e continuaram a pedir recursos para a fundação do clube[2]. As restrições só chegariam ao fim com o apoio do novo administrador, João Ferrer, que enxergava com bons olhos a criação de uma agremiação.

A necessidade de apoio por parte da fábrica fez com que os fundadores do clube ampliassem o intuito inicial, atendendo aos interesses da empresa[3]. Na própria ata de fundação percebemos que o secretário ficou incumbido de divulgar a criação da agremiação, “convidando os rapazes de entrar como sócio”, o que já expressava a possibilidade de aceitação de trabalhadores das mais variadas origens[4]. O próprio valor para associar-se ao clube seria um importante fator para a sua popularização: 2$000 de joia e uma mensalidade de 1$000, sendo que o salário dos operários ia de 94$800 (no setor da fiação) até 260$640 (no setor de acabamento) [5]. O clube desde sua gênese indicava que pretendia agregar o maior número de funcionários.

Com o vínculo instituído, a fábrica criou elementos necessários para o desenvolvimento da agremiação, entre eles a construção de um campo para a prática do esporte; de frente para a Estação de Ferro, em linha paralela com a Rua Estevão, feito com grama inglesa retirada do próprio jardim da companhia, sob as ordens do administrador da fábrica João Ferrer.



A solicitação de recursos era encaminhada ao Presidente Honorário do clube, cargo definido claramente no artigo quatro em seus estatutos – “o presidente honorário do club sempre será o diretor gerente da Companhia Progresso Industrial do Brasil, que será consultado em todas as resoluções tomadas pela diretoria, estranhas a estes estatutos” [6]. Isto é, o administrador gerente avaliava e designava os recursos necessários para o bom andamento do clube. Suas ações interferiam diretamente na política do grêmio, principalmente no controle e na composição de seus quadros e dirigentes [7]. Vale salientar que qualquer obra, ou evento realizado pelo clube, por ter sua sede no terreno da companhia, precisava de autorização prévia da fábrica, até mesmo jogos e torneios, como a disputa da Taça Ferrer, em que o administrador impôs o número de competidores, data e condição de participação: “só poderá tomar parte neste torneio, jogadores que são empregados da Cia. Progresso Industrial do Brasil” [8].


Na verdade, os custos que exigia a prática do futebol, nos moldes desejados pela LMSA[9], tornaram importante a participação financeira das empresas para a manutenção da atividade. Assim:

A direção da fábrica passava a subsidiar as atividades do clube; por exemplo, cedendo um terreno de propriedade da empresa para a instalação do campo de futebol e a construção da sede social ou, então, contribuindo para o pagamento de aluguéis. Mensalmente, ela oferecia ao clube uma quantia em dinheiro, a fim de complementar seu orçamento, que incluía despesas com conservação e limpeza da sede social e do campo, pagamento de impostos, energia elétrica, limpeza dos uniformes, transporte de jogadores e outras. Quanto ao material esportivo, a fábrica poderia fornecer desde as camisas até a bola e as chuteiras [10].

Como se pode observar, naquele momento, a participação do Bangu, assim como a sua própria criação, só foi possível devido ao apoio dado pela Fábrica. Sem ajuda financeira, seria impossível ingressar no principal campeonato de futebol do período. Assim como desfrutar da estrutura física e dos benefícios que o jogador-operário adquiria.

------------------------------------------------------------------------

[1] Sua primeira diretoria foi composta por: João Ferrer (Presidente Honorário), Willian French (Presidente), Thomas Donohoe (vice-presidente), Andrew Procter (Secretário e tesoureiro), José Villas Boas, James hartley e José Soares (Conselho Fiscal), John Stark (Capitain of Football), Thomas Hellowell (Capitain of Cricket) e Frederick Jacques (Capitain of Lawn Tennis).

[2] SILVA, G. A. A. Bangu: a fábrica e o bairro. Um Estudo Histórico (1889-1930). Dissertação (Mestrado em História Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1985.

[3] PEREIRA, L. A. M. Footballmania: uma história social no Futebol do Rio de Janeiro: 1902-1938. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.p.32.

[4] Livro de Atas das Sessões da Diretoria do Bangu A.C., 17 de Abril de 1904.

[5] MALAIA, J. M. Revolução Vascaína: a profissionalização do futebol e inserção sócio-econômica de negros e portugueses na cidade do Rio de Janeiro (1915-1934). 2010. 489f. Tese (Doutorado em História Econômica) – Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

[6] Diário Oficial, 16 de fevereiro de 1918 p. 2510. Extracto Estatutos do Bangu Athletic Club.

[7] Acta da Sessão da Diretoria do Bangu Athletic Club de 28 de fevereiro de 1909.

[8] Acta da Sessão da Diretoria do Bangu Athletic Club de 21 de março de 1911.

[9] Liga Metropolitana de Sport Athleticos.

[10] ANTUNES, F. M. R. F. O futebol nas fábricas. Revista USP: dossiê futebol, São Paulo, n. 22, p. 102-109, jun.-ago. 1994. p.105.

www.historiadoesporte.wordpress.com