OS MITOS NA HISTÓRIA DA BAIXADA FLUMINENSE
Uma das definições de mitos é aquela que diz que eles foram criados para tentar explicar aquilo que o homem desconhecia. Eles ocorrem desde os tempos em que o homem iniciou sua jornada em nosso planeta e, até os dias atuais, ainda não se perdeu essa mania. Quando se trata de história, eles também estão em toda parte. Em Cebolas, distrito de Paraíba do Sul, num museu dedicado a Tiradentes, a principal peça de exposição é uma ossada a qual se atribui ser da parte do corpo do mártir da independência que ali foi deixada pelos seus algozes, como forma de intimidação. A ossada foi encontrada e solenemente para ali transportada pelo Exército em 1972. Não foi feito nenhum estudo para comprovar a origem da ossada. Hoje, depois de tantos anos, questiona-se de quem ela seria na verdade.
Certa vez eu vi na TV uma matéria sobre o “Caminho do Imperador”, que liga Petrópolis a Paty do Alferes, passando por Araras. No documentário um historiador de Petrópolis, no ponto da estrada chamado de “Alto da Boa Vista”, dizia que no local formavam-se os batalhões para que o Imperador D. Pedro II os inspecionasse pessoalmente. Essa bem que poderia fazer parte do “Samba do Crioulo Doido” (título de samba antigo que faz uma salada na história do Brasil). O historiador deturpou o relato de Antonil (em Cultura e Opulência do Brasil), que traça o roteiro do Caminho do Pilar, dizendo que no alto da Serra do Couto poderia se formar um batalhão por ser muito espaçoso (só isso). A confusão é ainda maior, quando sabemos que o local onde o historiador se referia, apesar do nome, não tem nada a ver com seu homônimo do Caminho do Pilar. O Caminho do Imperador encontrava o do Pilar apenas em Marcos da Costa.
A história da Baixada Fluminense também está repleta de lendas e mitos. Na falta de conhecimento (e de humildade para admiti-lo), povoaram as lacunas de equívocos que se reproduzem até hoje. Nas décadas de 30 a 60, alguns historiadores e geógrafos, a maioria ligada ao IBGE, passaram a escrever sobre a região, que muito interessava aos projetos de Getúlio Vargas. Esses estudiosos não dispunham dos recursos que dispomos hoje e poucas ou nenhuma vez (em alguns casos), visitaram a região. Resultado: muitos equívocos. O problema é que eles se tornaram referência para os que escreveram depois. Resultado: muitos equívocos reproduzidos. Se o leitor se interessar em estudar os caminhos antigos da Baixada, ficará atordoado diante de tantas informações desencontradas.
Vamos apontar neste espaço alguns destes erros que se reproduzem até hoje.
Aguardem!
segunda-feira, 5 de março de 2012
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